segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vertigens, pouco mais



O tempo passa rápido demais. Quando vemos nem tempo temos mais. Mais rápido que o tempo é uma nota comemorativa tocada há mais de cinqüenta anos. Estilo não. Referência sim. Bossa Nova, Tom, Vinicíus, ou seria, Vinicius e Tom? Bem a resposta não se faz precisa quando estamos em 2008 e ainda às canções compostas pelos dois presenteiam nossa sensibilidade, mesmo quando interpretadas por outras vozes. A juventude all star, camiseta básica e jeans está munida de cartões postais, frases e ideologias, por mais que muitos apenas a encontrem na composição de Cazuza e Roberto Frejat.
Aliás, certos versos musicais, ou seriam frases de efeito, são para coroar o momento e maltratar os outros. Não, não é o filme lançado em 2001, em que a bela Nicole Kidman faz papel de uma mãe que não pode expor os filhos à luz solar. Bem, isto, é conversa para quem não viu ir até a locadora, ou quem sabe, baixá-lo e assisti-lo. Voltemos as frases retiradas das músicas, Lobão compôs no frison do rock dos anos 80 – Vida Louca Vida, que tem em um dos versos os seguinte:

“sou manchete popular
Já me cansei de toda essa tolice, babaquice
Dessa eterna falta do que falar” ...

Confesso, prefiro escutar na voz do Cazuza, porém na voz do próprio Lobão ela soa mais rasgada, visceral, não sei ao certo, mas acredito que estou a disparar contra os desafetos. Desafetos? Não, estes apenas existem para políticos, artistas em geral, sou um misero estudante, libertário de horas vagas. Acho belo as propagandas de cigarro, mas como tudo tem um lado ruim, o cigarro mata, aliás, bombas também matam, o mundo mata, mas as propagandas e a censura ainda não atingiram este patamar de falar de quem sabe discorrer sobre isto, não que eles não saibam, ou mesmo queiram omitir. Não há omissão no mundo. Há apenas quando queremos.
O tempo passa rápido demais. Quando percebo já passa de uma da manhã. A garoa fina escurece o asfalto. Daqui a pouco o relógio desperta. Antes disso um certo despertador soa. Não é um galo cantante, mas freadas dos primeiros ônibus que saem apressados para mais um dia, este especial, inicia a semana - segunda-feira.
Com todo o tempo do mundo para escrever. Os olhos cansados baixam. As mãos doloridas avermelham. Os pés tremem. Hoje nem está tão frio quanto ontem, anteontem, semana passada, junho e julho de todos os anos passados. Tempo não tem sobra, quando tem, existe o que fazer. Tanto tempo fez eu acreditar que o mundo é repleto de outros. Mas a preocupação de outros é acessório para muitas vezes liquidar na coleção primavera-verão.
Aliás, coleção que vem carregada de frases vazias, com um único sentido, ser o outro, mesmo que seja apenas de vezemquando.

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol


É começo de semana, e o resto de tudo.
All star sujo, camiseta básica, jeans
É juventude munida de cartões postais, Orkut e pouquíssimo mais.

Parafraseando eu,

tu,

e eles (outros/os outros)

Antes do amanhecer.