segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Basta



Os problemas da sociedade são vários, o mais temido e assustador, infelizmente se faz presente: a violência. Martin Luther King deixou uma frase que ecoa no momento " o que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons. Atualmente o silêncio não é mais tão silencioso. Raspa lágrimas. Sonha com justiça. E faz a pergunta. Até quando somos obrigados a ser reféns de uma sociedade deteriorada de valores. As esquinas lotadas de gente passando necessidade. E a impunidade, ela passeia livremente, sorridente pelos arredores da cidade. Gostaria de escrever sobre tantas coisas interessantes. Mas a comoção estupefata do meu coração, não permite. Talvez seja um desabafo. Sei que o ponto final da indagação não será a solução. O silêncio dos bons não pode ser herdado. Os bons vão as ruas para protestar. Balas perdidas são distribuidas. Crimes hediondos, sem ninguém para responder, são motivos para agregar inocentes retirados do seio dos seus familiares e amigos, que ao lado da saudade provocada, precisam arrumar forças para viver (sobreviver).Toda forma de violência é estúpida. Queria uma fórmula de ajuda mais eficaz que simples palavras. A paz é artigo válido e necessário. Sempre presente. Desconfio ela ser um sonho. Nesta madrugada de segunda, fica o gosto de o mundo melhor ser tracejado em poemas, páginas, declarações. A realidade está angustiante. Cansei, cansamos. Receio que cansaremos muitas vezes ainda. Queira eu estar enganado na frase anterior. Basta pensar assim.
Parodiando Ferreira Gular:
não há vida
só cabe no poema
o homem com dor
a mulher que sonha
a vontade de paz
o poema pessoas
reflete
pensar.

Bruno

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Em dó menor.

[ Céu de mais um lindo e diferente final de tarde]



O gosto de lutar
É saboreado com a sensação
Da realização do sucesso.
Quem sabe o nome
Meu nome
Apareça.
Mas muito quem sabe
Não.
Nada muda
O trajeto do sonho
Despertou
O pingo da chuva
Caí sobre o asfalto febril
Dos meses seqüentes primaveris.
Música desafinada
Em acorde menor
Poemas em espanhol
Prenúncio de chuva
Na madrugada iniciante da semana.
Festival de Cinema em Gramado
Visão embaçada
Nas lágrimas
Condizentes
Com o vou estar lá
Com o meu nome na legenda.
Camões, Renato Russo e o amor.
Tudo passa
O amor fica
Para completar
Tudo o que foi esquecido em seu nome.
A semana começa
A estrada espera
O sono desperta.
Canção anos 80
Telefone não toca
A tarde não foi vazia
E valeu o dia.




Bruno


quarta-feira, 15 de agosto de 2007

[ há 20 anos as estrelas eternizavam Drummond em fragmentos de poesia no céu.]

Estrelas que quase não beijam mais o asfalto. A lua que acordou de mal humor e parece não querer esconder-se entre nuvens. Luzes enfraquecidas fazem dos postes meros decoradores de avenidas. Noites coléricas, passadas. Volta-se para a expressão das palavras inoperantes de uma quarta-feira, próximo ao meio dia. Ruídos de uma rádio AM com canções as quais não satisfazem o corpo e longe ficam de delirirar o espírito. Em semana de decisão é difícil tecer argumentos nunca antes explorados. Por horas antes sente o gosto doce de quem sabe mais um sonho realizado. Bom saborear o aroma do perfume da primavera que aproxima-se. E agora José. O grande poeta com simplicidade escreveu. Perdido na poesia Drumondiana. Restrito a ser personagem da Quadrilha, mais um apenas. Passeia pela leitura de páginas nem sempre atraentes. Televisão destoa companheira do ócio obrigatório. Fizeram assistir uma entrevista muitissímo boa do escritor peruano Mario Vargas Llhosa. Feliz pelo contéudo e por não precisar utilizar-se das legendas. O que começou com obrigação, finalizou com obrigado. Futebol, antes um fanatismo, hoje, resume-se apenas à uma frase de Nelson Rodrigues "torcida vaia até minuto de silêncio". Adaptando. Descontentamento vaia até time do coração. Marx e o socialismo de classes é sensacional. Frase solta, sim. A saudade do retrato não quer afago. Desculpa do ciúme é explicar desejo. A voz não tem endereço, mas conduz ao beijo.
Quando foi perdoado
omitiu mentiras guardadas
destas encenadas
com noites musicadas.
Alento do tempo
insistente em percorrer
fagulhas enciumadas
do jantar comemorado.
Quando perdoado
esqueceu de dizer
o quanto não precisa
mais sonhar
por não te-la
esperando-o
na estação
onde perdeu o coração.
Bruno

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Começar sempre.


[A bela Monica Vitti na capa L´Awentura de 1960]



Quantas palavras lembram momentos que teimam em aparecer na hora em que os olhos já não descartam esquecer. E tantas formas tem a força de reprender passados estirados ao chão, como fossem apenas lágrimas em tardes de verão. O sono faz do sonho uma realidade degustante da realidade. E cenas de cinema surgem dentro da gente. Existe a flor de papel ao lado da lápide onde a atriz encosta a cabeça e chora. A lembrança não quer ser retirante e insiste em aparecer. A semana faz do dias alguns longos e outros saboreados de saudades.Notícias bombardeam os momentos. Em apenas dois dias a eternidade ganhou dois dos maiores cineastas. Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman foram dirigir seus filmes com a visão do alto deste mundo, de certa forma, caótico e caduco.O cidadões italianos, suecos e todos os amantes do cinema estão em luto com a perda destes dois gênios. Mas, o final não é final, como fizeram tantas vezes nas telas, existem os créditos, que levam nomes, e músicas que levam sobrenomes. Uma canção para saborear a madrugada. Uma olhada nas estrelas a sorrirem entre as nuvens. O céu a noite é uma certeza de beleza eterna. Compensa iluminando entre palavras e coesões sentidos para entreter a insônia.


Não faz da minha esperança
prato para consumir em noites de teatro
não faz da tua angústia
cerimônia para estrelar retrato
não faz da indiferença
pretexto para o desejo
não faz assim
que ainda vai lembrar de mim.

O telefone não toca. Talvez nem queria atende-lo.
A semana começa e nem sei por onde passeio com tantas coisas para sonhar. Ainda sobra tempo para praticar o sonho não censurado de apenas começar.


Bruno