quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eu te amo, PORRA

O quarto é uma média ampulheta. Sentenciado pelo movimento de silêncios propagados no vácuo disparate – esbraveja, filha da puta! O sentimento ridículo reaparece, vestido socialmente com um bom romance arranhado pelas unhas não aparadas.
Uma volta até a resma das coisas para fazer, nos pedidos e entraves cotidianos – olha no espelho, lembra de Wilde. Sorri para o desgraçado e continuo silêncio. No banho, sente seu corpo se metamorfosear em pequenas gotículas de frio – sorri, o frio externo não é nada perto do interno. Quando se encontra abraçado ao colchão, triunfa – ridículo se sentir assim.
Já no pós sono, pensa, se Pessoa escreveu que todas as cartas de amor são ridículas, sensações inúteis não tem o dever de não ser ridículas também.

Aumenta o som do silêncio na breve e púrpura manhã embaçada. Ainda crê no movimento retilíneo de sorrisos honestos – eu te amo, porra! Isso é canção, mas agora é de todo mundo, sem banalização é claro: eu te amo, porra!


Com a rosa do rosa azul
no claro dos claros
pupilas azuis.

Parafrasenado Eu, no silêncio, no amor e na libertária tarde. Eu te amo, PORRA!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Agosto



A chuva molha

a rua XV passa
bela



Como é incomodo ficar dentro de casa, fechado por paredes, vendo o sol apenas pela transparência opaca das janelas. O inverno não acabou, parece que ele se tornou secular, nem as manhãs eu tenho prezado mais. A madrugada me consome, aliás, eu consumo a madrugada. Em silêncio posso escutar todos os medos, enfim, assim termino o dia, cansado, sem medo, com uma lentidão digna de uma tarde de segunda.

É um tédio, não fosse um prédio, ali parado, comovido com a cena. Encena a realidade e volta a realizar.

Agosto sem gosto
pingo´s na calçada
ecos desafinados.


Parafrasenado eu, em agosto, como um cachorro não louco.