quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tempo de Copa


Em junho, além do corriqueiro inverno e férias escolares cada vez mais obsoletas, temos partidas da Copa do Mundo a cada quatro anos. Meu avô que está certo, torce para quem ganha. Não o desafie dizer que isso é antipatriotismo, pois provavelmente ele irá rir e perguntar: tu sabes a escalação do Brasil de 50? No auge da celebração de nosso triunfo tecnológico, seguraremos um riso iconoclasta, de quem utiliza o buscador do google para respostas imediatas - foi no Brasil e perdemos para o Uruguai por dois tentos a um em pleno Maracanã. Sem desmontar o seu sorriso diário, ele vai dizer que toda solidão é um disfarce, mas a solidão do Barbosa é única e maior que as cinco conquistas mundiais da seleção brasileira.
Nestes dias de labuta futebolística nem precisamos nos conectar à internet, o noticiário televisivo repete constantemente os encantos e desencantos do futebol na África do Sul - que diga uma certa emissora com a postura do Dunga. O mesmo foi contestado e marco da geração de Lazaroni derrotada sem atitude na Copa da Itália em 90, prolongando a fissura de vinte e quatro anos sem a conquista do mundial, findada nos Estados Unidos em 94. Sabemos que o Brasil tem algumas coisas em que a crítica sempre vai bater - desfiles carnavalescos, jogos de futebol e crônicas de jornal. Porém, desde que assumiu o comando da seleção, Dunga teve bons desempenhos até o momento, inclusive ganhando da Argentina em Rosário depois de muitos anos. O "se" nunca é tão entoado como nestas épocas, mas o jogo é dentro do campo, sempre foi e continuará, acreditemos.
A seleção tem como escore duas partidas neste mundial - vitória preguiçosa sobre a Coréia do Norte e uma vitória convincente sobre a Costa do Marfim. Por mais que o futuro no futebol seja sempre a próxima partida, a lembrança mais bonita da Copa da África será sempre o segundo gol do Brasil na última partida, independente da posição final da seleção na Copa - o lance mitológico de Luis Fabiano no segundo gol brasileiro na partida, mesmo irregular vai me emocionar sempre, posteriormente muito mais, pois lembrarei do meu pai gritando - gol de Pelé, gol de Pelé, gol de Pelé. Nesta hora a felicidade invadiu a sala de casa e transformou o final da tarde de domingo em uma grande celebração entre pai e filho.
Não é que das coisas menos importantes o futebol é a mais importante, concordo ainda mais com a afirmativa do Nelson Rodrigues.
Pensando bem o inverno apenas começou, mas nestes dias de Copa, somente meu avô continua torcendo para quem ganha.