segunda-feira, 26 de maio de 2008

O lado inverso da conversa


As lâmpadas fraquejaram nas últimas noites. Tudo foi engano desastroso da solidariedade. Quando a rua apressada apresenta barulhos de carros desesperados, melhor fechar a cortina e ir dormir.
Depois de voltar não precisei mais encontrar, aliás, cansado de procurar inventei canção de ninar. A noite nem fria foi mais, mas mais clara e com estrelas sensíveis puseram-se a olhar atordoadas sem a preocupação de procurar explicar o que acontece, como acontece e quando realmente acontece.
Estranhamente a validade dos sorrisos parecem grafadas de singularidades regulamentadas. Os excêntricos românticos discursam encantados com a afirmação de escutarem lembranças em sorrisos plastificados. Estranhos eles não sentem falta da saudade, porém em silencio vilipendiam ensaios da realidade. Vazios de clarezas o dia nasce e morre com medo. Espaçados na cidade os românticos sempre remetam as lembranças em outros substratos. Perdem-se nas distancias dos feriados prolongados, com afonia ao telefone.
Em feriados percebemos o quanto à vida se faz necessária e desnecessária. Onde começamos, onde morremos, onde nascemos. Situações óbvias, mas precisamente desprezada por nossos compromissos muitas vezes fetiches de crepúsculo dominical.
As canções escrevem trajetórias perceptíveis ao enredo de cada história, mas sempre chega um romântico e pratica o pedestal da solidariedade afetiva.
E, quando a semana começa deste jeito é melhor começar a esquecer o cheiro do perfumado estagnado da estação que parece nunca findar.
A água gélida desce a garganta com o valor da boca exposta na verdade de não inventar nada.
O desengano concentrado mostrou o quanto as lâmpadas tremem ao perceberem que vozes mudas podem serem úteis.
Hoje não vou me permitir esquecer nada, nem mesmo seu discurso todo decorado.




Sem romanstismo decorado os encontro no mês de junho e com mais um Parafraseandoeu.

















terça-feira, 6 de maio de 2008

Epifanias silenciadas



Na falta de tempo, invento um parágrafo, grafado em cor mal definida, para escandalizar a noite e adjetivar a semana. Não parafraseio liricamente apenas, mas também sopro as linhas para os horizontes vistos, revistos e escondidos da cidade. Ali, está frio, aqui não é Berlim, pouco se resumiu. O vento gélido definiu: Um passo a mais, e a história vai terminar, quando? Não engane-se, nada termina, pelo menos nas vistas escandalizadas do sentimento, que não é alquimista.
O profano do sentimento é julgar sempre ser o melhor, quando deveria se preocupar em descobrir a desconhecida vida, que insistimos conhecer. Oi, você faz isso também? Não, apenas respondo com um doce amém. Sabes que a cortesia deveria ser usada para certos momentos da apresentação do mundo sem graça. Aliás, mundo sem graça é acordar as nove, olhar para o lado da cama e descobrir que os chinelos sumiram. Hilário, sentir sentimentos de certa forma banais nestes momentos. Até gosto de dormir de meias, você não? Olha, sinceramente, vou praticar galhofas com os discursos parlamentares, cansei desta conversa de noite fria, aliás, você gosta do inverno? Do inverno sim, mas deste frio de outono não! É, concordo com você, mas continuo a pensar mal sobre o uso de meias para dormir. Então, vamos conversar? Não posso, conversas certas vezes exigem dedicação, e isto, é contramão do futuro, pois o presente exige contrato, alusivo e placa condecorativa. Nossa, você sempre é assim, ocupado, despretensioso com as palavras? Eu? Sim, você mesmo, não tente bancar o desinformado. Mas, não sou desinformado, talvez um tanto introvertido, mas como disse Mario Quintana, estão sempre a nos sujeitar a certas condições, será que precisamos ser chatos como os outros? Olha, você acha eu chato? Tenho certeza! E, sem precisar analisar muito. Sabe, vou embora, vou cuidar das minhas costas doloridas, e suportar o afago dos livros. Confesso que nos útimos dias, neste frio miserável, tranco a porta, escorraço a persiana e me apego a dividir a cama com os livros. Mas, a sofreguidão de certas páginas, me fazem teletransportar para um outro mundo, outras ruas. Estranhamente neste mundo, você é meu melhor amigo. Não imagine isso uma atitude piegas, não que não seja, mas acredite, você é meu melhor amigo. Tudo bem, eu sei, antes de você perceber, vou explicar, chorar faz bem, lubrifica a alma. E, olhe, quando puder, apareça, vamos esquecer do mundo, disfarçar a verdade e definir a liberdade. Uma última coisa, eu sou apenas eu, mas quando estou com você, sou muito mais próximo de ser alguém. Ah, na esquina tem gente esperando o futuro...




O livro fechou a palavra, perdeu-se na esquina, casou com a menina, viajou pelo perigo, correu para o abrigo, viasualizou o suicida, ouviu um grito, aconselhou o silêncio e continua distribuindo cartões de visita.
- Na esquina da rua da Vergonha, número 100.