segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Pão de queijo e afins

[O calcanhar levantado leva o pé um passo a mais sobre um asfalto quente]


O dinheiro para o café ficou esquecido no chão do carro. Além do dinheiro, cartões, documentos e todos os outros acessórios que são importantes para um homem que possua cpf, rg e habilitação de motorista, entre outros. O mais engraçado, que visto pelo outros parecia ser um sorriso com traços cômicos , porém, um disfarce do nervosíssimo instaurado em um começo de segunda-feira.

--- Me veja oito pãezinhos de queijo. Somente isto, senhor? Sim. Obrigado. Tenha um ótimo dia.

Poucos passos e o balcão do caixa estava a sua frente. A mão deslizou pelo bolso e cade? A carteira sumiu. Vulto de preocupação. A atendente sem nada entender, mudou a posição do olhar para o televisor. Época de olimpíadas e parecido com Copa do Mundo, alguns reclamam da excessiva programação esportiva, outros consideram-se entendedores de tudo, inclusive de luta greco-romana e , o terceiro tipo é aquele que vê, mas não entende nada. Gollll! Brasil virou o placar contra a seleção alemã. O locutor rouco, mas muito menos que para narrar o futebol masculino. Ela mascava chicletes e pensava – que saudades da Ana Maria Braga.Ligava em vão, o celular parecia estar desligado. Andou meio metro, olhou pela vidraça e percebeu que onde possivelmente tenha perdido a sua carteira é um local percorrido por uma infinidade de pessoas das mais variadas espécies. Logicamente, todos descendentes do Homo Sapiens. O coração palpitou mais forte, o nervoso afetava as horas. Nunca o passar daqueles poucos minutos foi tão terrivelmente demorado.

---- Desculpe, moça, mas esqueci a carteira. Não tem problema.

Não tem problema? Como não? Madrugo após passar uma madrugada febril. saio cedíssimo de casa, compro exatamente oito pães de queijo e, quando vou pagar, cade a carteira. Situação constrangedora. Após sair da panificadora, percebi que o não tem problema da atendente do balcão foi uma verdadeira gentileza. Aliás, como seria o feminino de gentleman? O caminho era pequeno, mas o fardo era longo. Muitas coisas passavam pela imaginação, todas pautadas com vírgulas e conjunções adversativas. Mas, o the end não poderia ser ali. Após uma certa epopéia consegui conversar com a pessoa que mais poderia me tranqüilizar. E, não é que descubro que a minha carteira foi apenas esquecida no carro de uma amiga. Enfim, sobrevivi, voltei as prosas de viagem e lembrei que algumas pessoas levam a ficção a sério demais. Porém, ficcionalidade somente tem sentido quando desperta o outro. Somente as artes em geral tem esta ambição e intuito. O resto é falácia e galhofa de tempo perdido. Qual importância se o cabelo é azul, o vestido é curto, a hora de acordar é 14 horas, a religião do outro é candomblé, a ausência é saudade, gravidez, sobridade. Tudo isso é parte do mundo e dos conceitos adjetivados. Aliás, qual nota ganha meu texto? Melhor, vale quanto? Algum professor estipule uma nota, por favor! Ainda estou sob influência do ocorrido neste começo de semana, mas nem tudo é uma carteira com muitos documentos esquecida, alguns reais e uma fome de oito pães de queijo.


A semana começa
o filme começa
a peça começa
o trabalho começa
eu recomeço
você recomeça
apenas, recomeçamos.




Parafraseio eu

hoje pela manhã
em um céu com muita cor.


Bruno Scuissiatto

3 comentários:

Anônimo disse...

Uma segunda cão, hein!



Ana

p s disse...

Segunda-feira maldita
maldita segunda-feira
dita
mal
feira
-
segunda.


-Pão de queijo, querido?
-Não, hoje, não!

-Grostoli, por favor.

hahaha


Beijoo

Lupe Leal disse...

epifânico.