segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Uma noite e muitos dias



A esta altura do campeonato, não posso mais me preocupar com o que não fiz nas férias. Deixei o cinema, a literatura, as discussões e tudo mais que quero fazer. Por pouco mais de dois meses senti o muro de Berlim estar a uma altura de Babel.


Mas se a confissão vale alguma coisa, sinto felicidade por poder emergir em sentimentos que nos fazem sentir vivos. Nas chuvas de janeiro e no aniversário que não comemorei da forma como sempre desejei. Não qureria uma festa como a do clipe Beverly Hills http://www.youtube.com/watch?v=HL_WvOly7mY . Ao lado da inquietude mora uma ironia, se não reconhece, acredite pelo menos na autenticidade da banda inglesa.


Uma das melhores coisas das férias foi acordar cedo no domingo. Para quem passa o ano todo fugindo das horas neste primeiro dia da semana, durante o período ocioso é uma terapia. Foi bom não enfrentar fila no banco, nem mesmo encontrar o que deveria estar lá desde o quinto dia útil do mês. Não posso esquecer, teve carnaval, quarta-feira de cinza e na quinta descobri que o responsável por isso estava na Marques de Sapucaí exibindo um sorriso de dentes.


Felicidade completa, lendo um pouco sobre a Zélia Gatai, descobri uma maneira de instituir família em uma rede. Logo que soube da minha aprovação no vestibular de letras em 2007, queria uma casa em Ilhéus – aliás, ainda quero. No mínimo inusitado pensar nisso agora.

Encontrar um amigo depois de uma década e escutar dele algo que há muito tempo não sentia. Realmente, com a idade as pequenices são mais autocolantes.


Feliz e muito feliz por voltar sujar a sola do tênis de vermelho, se você não acha que é vermelho o solo, recorra aos livros de geografia.

Entre as faltas das férias provavelmente a mais séria será não encontrar o jornal cedinho no jardim. E ler pelo menos um caderno antes de dormir, acordando com a sensação de estar factual.


Aos tropeços da vida, gostei mais daquele do assassino de “Dívida de Sangue”, na semana Clint Eastwood. E, “Gran Torino”, o velho Eastwood continua impecável – “Sobre Meninos e Lobos”, “Menina de Ouro” vendo pela segunda vez reafirmo: o cara é um grande diretor.

Já Benicio del Toro é um grande ator, conseguiu me deixar com vergonha de uma dia querer uma camiseta com a estampa do Che. Sua atuação no filme do médico argentino é uma das coisas que assisti no cinema.


Bom, na leitura, muitas coisas, João Antônio e seus contos, Rubem Fonseca e sua sociedade. Entre tantos, há tantos mais, deixe para outra hora.

Deixei tudo de lado, voltei aos poucos para aquilo que quero levar adiante. Outras coisas, como a paciência, nada melhor que janeiro e fevereiro para comprovar – o mundo não é tão bom quanto merecemos. Pizza em quarto de hotel é bom, sozinho seria ruim. Não acreditem em sites, ao vivo, os hotéis muitas vezes são outros. Apenas o amor é o mesmo, na próxima um quarto com ar-condicionado será necessário - conforme Rubião "ao vencedor as batatas".

Já que o ano começou – feliz ano a todos, mesmo que mensagem seja repetida, o Brasil apenas agora começou a trabalhar.

Logo volto.

Com licença, vou começar o ano.



(foto da série: não vi e não gostei).

Um comentário:

p s disse...

O amor sempre é o mesmo. =)
Da próxima vez, ar condicionado e tv com canais de filmes. hoho
Agora sim começou o ano, passou o bananal, quero dizer, carnaval.
Muah!