sábado, 23 de abril de 2011

O conselho de Nelson



Sou um aficcionado por chocolates – talvez seja um dos meus maiores pecados. Afinal, como afirmou Nelson Rodrigues em entrevista ao Otto Lara Resende: jovens, envelheçam. Assim, não existe roteiro algum que desvie a velhice que perseguimos. Tinhosamente ela chega sem avisar, passa por nós, muitas vezes é pelo espelho que descobrimos essa hóspede – que não faz check-in.

Nesta época do ano em que os chocolates estão dominando nossas cabeças, basta uma entrada em qualquer corredor de supermercado e estamos no paraíso criado na literatura por Roald Dahl.

O leitor pode se perguntar, até agora o espaço é sobre velhice ou chocolate – talvez, eu possa responder, sem a mínima pretensão de comprovar os fatos, mas muito mais baseado em pesquisas que dizem sobre o aumento de diabetes em chocólatras. Dessa vez o assunto não vai ficar no campo do envelhecimento no sentido de doenças.

Em um final de semana de Páscoa, digamos que o momento-chave ocorreu durante a semana, quando decidi juntamente com a minha esposa a não compra de chocolates para presentear outros, nem a nós. Não foi um ato de revolta contra o capitalismo da época, transformando culturalmente a sociedade, adoçando bocas com chocolates. Muito menos contra a sistematização dos supermercados e suas decorações em massa – redundâncias da publicidade pascoalina.

Talvez, tenhamos entrado no campo do que o Nelson Rodrigues disse, sem saber direito, atribuímos essa ação pela idade que nos estaciona e multa.

Não foi preciso vestir a camisa do personagem Charlie, criado por Dahl em A Fantástica Fábrica de Chocolates, por mais que os preços dos chocolates estejam acima da tabela dos gastos de milhões de brasileiros. Muito menos sonhar com as produções de Willy Wonka.

Que venha o sábado de malhação do Judas.

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