quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Inventar para sonhar



El Amor en los tiempos del cólera, lançado originamente em 1985.

Janeiro, mês em que as nuvens desenham seus doces uniformes, e nós as condecoramos com nossa inquietude juvenil em tentar satisfazer as vontades e inventar. Inventamos até leituras de velhas crônicas, cartas marcadas de anos passados, e filmes vestidos de sonhos doces, mesclados com chocolates amolecidos da realidade. Na falta do que fazer, não inventei a realidade, a faço, com alguns dias de atraso.
O movimento interessante e importante deste começo de ano é sucessão presidencial nos Estados Unidos, após uma era Bush, finalmente parece que teremos o fim da hegemonia dos ataques, atrocidades e intolerâncias políticas. Talvez o fantasma do Bin Laden desapareça, ou passeie pela Califórnia em um futuro próximo com o senhor George. E a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, até lá, muita coisa vai acontecer, mas certamente teremos também educação gratuita e de qualidade, como nos slogans das universidades públicas, hospitais com atendimento descente e segurança pública digna para mostrar ao mundo que o Brasil não é somente futebol. Parece até roteiro de cinema, um país lindo, com qualidade nos serviços para a população e ainda com o principal espetáculo esportivo do mundo por aqui, somente o Brasil para nos propiciar isto. Lembrei, este ano temos eleições municipais, boa pedida para logo começarem as disputas de candidatos, que caso fossem criações, tranquilamente poderiam contracenar com a Narizinho, o Visconde de Sabugosa, a Emília e o Saci, mas, infelizmente por motivos óbvios, não podem e nem devem. Janeiro mal começou, e o vicio cinéfilo aumentou a vantagem, sobre notas musicais, textos, resenhas, e outros afazeres, fica a pergunta – qual a finalidade de retirar dos cinemas o filme nacional. “Meu nome não é Jhonny”, seria uma decepção com a bilheteria? Ou um conformismo em mostrar o lado estrangeiro de fazer cinema? Hoje acredito que foi apenas uma maneira de apresentar a pré-estréia, e deixar com sentimento de quero mais, nos dias que antecedem o lançamento oficial do filme. Enfim, nas locadoras, encontra-se o “O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland), o filme trata da ditadura de Idi Amin em Uganda, muitíssimo bom, ainda de brinde, ganha-se a chance de assistir o ganhador do Oscar como melhor ator em 2007, Forest Whitaker como o ditador uganense. Sabiamente sabemos que as adaptações de livros para produções cinematográficas normalmente não agradam tanto, afinal na páginas dos livros temos várias janelas para enxergarmos o mundo, e na telas, somos induzidos a olhar uma única. Esta é a sensação ao assistir O Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera), filme baseado no romance belíssimo de Gabriel García Márquez. O grande pecado da produção foi não produzir o filme em espanhol, optou pelo inglês, e acabou por maquiar demais a obra, chega a ser cômico, ver a reprodução das ruas de Bogotá e o inglês falado, fica um sentimento de falta algo. Não é verso de refrão, mas janeiro nem bem começou e já tenho tanto para falar. Hoje não parafrasiei muito, até porque ultimamente parafrasear eu, está difícil, inconstante e ultrapassado, passei da margem do entendimento, para perceber o que sinto das páginas não lidas, das perguntas respondidas e do silêncio da casa.

Ano novo, vida não tão nova, gosto de estação repetida, e até o momento concordo plenamente com o Marcelo Rubens Paiva - Feliz Ano Velho.

Bruno Scuissiatto

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