segunda-feira, 3 de março de 2008

Sem feriados de eu mesmo



O dia não é mais noite
noite não é mais dia
o pleonasmo não é defeito
pertencente ao lado mais rarefeito

a atriz não pediu um beijo
o silêncio despiu desejo

carros com meia luz desreguladas
avançam ao lado
dos pedestres aglomerados.

o vento gesticula
tripudia o silêncio
incomoda os dormentes
soltos fios de energia elétrica
saltitantes dos postes inconseqüentes.

o teto do quarto
certas ocasiões
é chão.

virado ao contrário
muda o cenário
dizima os passos
encarece o espetáculo

As férias findaram
desejos por você
escorrem pelas paredes
em retratos 5x7
com o silêncio do quarto
a chuva na sacada
o silêncio alcançado

na velocidade
das canções mais sinceras
sorrisos maternos

enfim, o ano realmente (re)começou
sem a referencia distância do feriado
silencioso de eu mesmo.

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