sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os pecados de um caminhante







Caminhar, muita gente prática este verbo exaustivamente. É praticamente inconcebível imaginar um mundo sem esses atores guiados por seus pés. Essa constatação sugiu sem uma data definida, talvez em alguma das andanças pela cidade, na qual, sou um especialista.

Ver a cidade pelo plano das ruas é uma tarefa que nós enquanto pedestres não enxergamos. A relação entre ser um caminhante urbano e os espaços da cidade, é mais antigo que as cartilhas do Detran. Pensar que tudo teve inicio em uma manhã chuvosa, quando eu era um dos alunos do grupo do Colégio Vicentino São José, de Curitiba, naquela visita ao pavilhão do DNER. Passado um dia por lá, retornamos para o colégio com a sensação de um aprendizado para a vida.

Anos mais tarde, motorista da vez, percorria quilômetros pela cidade, percebendo as mudanças vistas na infância, quando o instinto de motorista andava apegados aos carrinhos de fricção. O velho sonho de dirigir, se tornou uma espécie de náusea da realidade, congestionando até mesmo em domingos e feriados. Já na fase sem carro, parambulava pelas ruas de Ponta Grossa, achando muito atraente o trânsito local, principalmente com a não tranquilidade de Curitiba e São Paulo, urbes percorridas exaustivamente anteriormente.

Depois de me tornar um pedestre autêntico, pude perceber o valor da figura das pessoas que são caminhantes, não pelo descaso de precisar caminhar em um mundo tão automobilístico, mas pelo azar de pertencer que entre os motoristas, apenas importam outros motoristas em seus carros, mesmo a regra não sendo uma constante verdadeira. Essa condição cresce cada avenida mais, o populismo dos pedestres, parece restrito aos pedaços de calçadas, disputadas com vendedores ambulantes, cachorros, carros mau estacionados, isolamentos da construção civil e telefones públicos abandonados.

Um dos exemplos mais pertinentes ao descaso com os pedestres está relacionada com a faixa de retenção/segurança, que quando não apagada, se torna decorativa marca no asfalto. Adiante dela, a faixa de pedestre, aliás, qual o sentido desta faixa, quando os pedestres que nela estão, poucas vezes tem a preferência diante de motoristas. Sem comparação, mas pode existir algo pior que um sinal verde para o pedestre, desrespeitado pela maioria dos proprietários das ruas. Essa prática é uma comum na saída do estacionamento do Shopping Palladium, quando grande parte dos usuários que saem de carro do shopping, parecem não perceber a existência de um dos poucos sinaleiros para pedestres na cidade.

O know-how de pedestre me torna um analista crítico das ruas, inclusive tentando educar muitos motoristas que não gostam da chamada de atenção, considerando esse pedestre aqui, um entrave do progresso do trânsito princesino.

Quando chego em casa hoje, já com a pauta da crônica, vejo no telejornal da maior emissora do estado, soluções para o trânsito importadas de Amsterdam. Amanhã mesmo vou pesquisar preços de bicicletas - com os equipamentos certos e um capacete em uma cor viva, não serei mais um problema, mas no mínimo dois.





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