A explosão da internet tornou-se a maior vantagem do mundo (ou o contrário, pode ser), e, com os dez anos dos atentados do onze de setembro, fomos atacados novamente pela crise do tempo. Inevitável é não lembrar o que fazíamos naquela tarde de pseudoprimavera. Pelo menos para mim foi através dos televisores mudos expostos nas vitrines – batendo os pés nos outros transeuntes não compreendíamos nada do que a ancora do plantão vespertino falava, bombardeados pelas imagens dignas de filmes spielbergianos.
Talvez o impacto do onze de setembro tenha refletido nas gerações acostumadas e colonizadas pelos filmes americanos de guerra, normalmente colocando os Estados Unidos como a suprema fortaleza, algo já visto nas brincadeiras de “forte apache” (em miniatura) no tapete sala com os indiozinhos em confronto com os cavaleiros americanos. Sem saber nada de geopolítica estávamos diante de questões históricas, que arremataram a inocência daquelas brincadeiras após o western Fort Apache (1948), de John Ford, anos depois.
Em uma época de pós, mesmo com algumas refutações teóricas sobre o conceito de pós-moderno, não há como negar: uma década depois dos atentados o mundo teve mudanças sistemáticas, principalmente nas ferramentas de informações pela internet. Em março deste ano, presenciamos praticamente ao vivo o tsunami que atingiu o Japão, devastando várias cidades. Certamente foi a primeira atrocidade que teve grande parte das lentes do mundo, três anos depois do episódio em Nova York foi a vez de Madrid, capital espanhola, sofrer com o terrorismo dentro dos vagões de metrôs.
Porém, foi com a invasão do Iraque por tropas americanas e a deposição seguida do assassinato do ditador Saddam Hussein, que novamente trouxe o bombardeio de tudo aquilo iniciado naquela tarde de 2001, deixando a sensação do alcance da internet ter atingido o seu primeiro “boom” noticiando uma guerra.
O grande exemplo ocorreu no começo de maio deste ano, quando o presidente americano Barack Obama anunciou a morte de Osama Bin Laden, durante uma operação no Paquistão. Identificado como o grande responsável pela queda das torres do World Trade Center, tornando-se o inimigo número um dos americanos e do restante do mundo. Como espectadores acostumados à totalidade dos fatos, não ter a certeza da morte do fundador da Al- Qaeda, nos joga no terreno das desconfianças surgidas com a internet.
Dez anos depois, ainda é melhorar cantarolar: eu detesto George Bush desde a Guerra do Kwait, conforme Zeca Baleiro e Chico César. Se quiser deixar as coisas mais light: quero adoçar a minha sina, que viver tá muito diet.
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